segunda-feira, 18 de julho de 2011

Dando a volta por cima.



Ela chegou abriu a porta, como de costume tirou o tenis, jogou a bolsa no
sofá e a chave na mesinha de centro.
Prendeu os cabelos de qualquer jeito, ficou andando de meia pela casa, coisa que ela adora.
Foi preparar seu café, pensando em tudo que acontecera durante a noite, há apenas algumas horas atrás.
Ficou lembrando do cheiro, do beijo, como o seu corpo ainda reagia de maneira frenética a cada toque dele por mais suave que fosse, ficou questionando como ele ainda era capaz de despertar sensações nela que ninguém mais sabia como fazer.
Ficou pensando em como ele ainda mexia com ela e como insistia em sobreviver dentro dela, e quanto mais e tentava matá-lo mais forte ele ficava.
O café ficou pronto.
Ela encheu a xícara e se sentou no sofá.
Ficou parada olhando a chuva caindo na janela, acendeu um cigarro, tomou um gole do café...
Silêncio...do lado de fora, porque dentro da cabeça dela o barulho era enlouquecedor.
Sua consciência a acusava de ser fraca, porque noite passada ela não resistiu e novamente foi pra cama com ele.
ELE, o ex-namorado, que a machucou tanto, que a trocou por outra, que a fez chorar lágrimas amargas de abandono e rejeição.
Outro trago no cigarro... Mais um gole de café... Um suspiro... Uma lágrima corre pelo rosto... E o peito aperta mais uma vez.
Ela se pergunta porque tem que ser sempre tão bom? Porque ela não consegue se esquecer dele?
Mas ela sabe que precisa dar um fim nisso, um basta.
Ela precisa viver, correr riscos, mudar de ares, mudaro cabelo, as roupas, pintar as unhas, comprar um perfume novo.
Ela chora, chora bastante...
E promete a si mesma que essa foi a última vez. Que não vai mais ceder aos seus desejos, porque afinal ele tinha tudo isso todos os dias com ela e nunca deu valor, foi embora, pra viver com outra, e agora que a fulaninha o chutou ele vem correndo dizendo que está arrependido e ainda a ama e tudo foi um erro, um terrivel engano.
Engano esse que custou noites em claro, várias cervejas e muitos cigarros, isso sem falar nas lágrimas derramadas e noites mal dormidas.
Mas chega. Já está na hora de toda essa escravidão acabar.
Ela se levantou e começou uma faxina na casa, jogou fora tudo que lembrava ele: presentes, cartas, fotografias, cds, dvds, o travesseiro que ainda tinha o cheiro dele... Enfim faxinou a alma também.
Tomou um banho demorado, tentando limpar cada vestigio dele que ainda ficara. Chorou mais um pouco, mas já estava decidido: Tudo acaba hoje, ela disse em voz alta. Colocou uma roupa leve e ligou para sua amiga. Sairam juntas almoçaram, depois tomaram um chopp pra relaxar. Comprou roupas novas. Sapatos de salto alto.
Foi ao salão, cortou o cabelo e os tingiu de loiro, pintou as unhas com cor de carmim.
Mudou de perfume...
Enfim mudou tudo o que podia.
Chegou em casa exausta, porém leve, muito leve coisa que não sentia há muito tempo, desde quando o riso dele deixara de preencher o silêncio da casa.
O celular toca, no identificador de chamadas aparece o nome dele.
O coração acelera, ela pensa tem que começar de alguma maneira então... ela rejeita a chamada. Enrola os cabelos, coloca o vestido preto na cama, deixa o sapato de salto 15 perto, separa a maquiagem que vai usar e segue para um banho longo e relaxante, afinal hoje é sábado e ela precisa viver.


By A.Biloti

Nenhum comentário:

Postar um comentário